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Mostrando postagens de janeiro, 2018

O Buraco (Tsai Ming-Liang, 1998)

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Prédios decadentes, almas solitárias. Antonioni já alertava sobre o mal do século, aqui ele vem misturado com o mega realismo da Akerman e o mundo idílico do Demy. Um cenário quase que apocalíptico regido pela chuva (difícil não lembrar do Tarkovsky) restritos a um apartamento (isso e o tom lúdico do filme me remeteram um pouco ao A Dama na Água do Shyamalan, mas acho que isso já é muita viagem da minha parte). O desespero é a única salvação. Talvez o final seja muito utópico, ainda bem que o é, de vez em quando é bom sonhar.  

Elle (Paul Verhoeven, 2016)

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A maldição vem do sangue. Muito interessante como o Verhoeven mistura uma típica elegância francesa com sua típica sujeira (algo parecido com o que ele havia feito com seus filmes americanos) que acaba dizendo bastante sobre seus personagens, presos nas suas dualidades. Me lembrou bastante As Lágrimas Amargas de Petra von Kant do Fassbinder nesse jogo sadomasoquista por poder em uma burguesia de aparências com protagonistas acostumadas a exercer suas forças e vontades nos outros, só que se lá o embate era quase que exclusivamente entre mulheres, aqui é praticamente o contrário. Enfrentar o monstro cara a cara em um mundo de falsas imagens, a lei do mais forte.

Toute Une Nuit (Chantal Akerman, 1982)

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Todas as possibilidades da noite. Praticamente o mesmo filme que Akerman faria anos depois com Golden Eighties , só que aqui o shopping é o fim do dia. Amor em todas as suas formas na beleza estranhamente e docemente desoladora da noite, seja numa breve dança, num abraço ou até mesmo numa despedida amarga. De manhã, tudo volta aos eixos.

A Sinfonia dos Malditos de Fassbinder

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Em Fassbinder, opera a lei do dominante, seja pelo sexo, dinheiro ou amor. E os que não se encontram em tal posto, estão condenados ao sofrimento. Não há salvação. Até os seus personagens parecem ter ideia de sua predestinação ao fracasso, mas ainda assim lutam, até que não sobre mais nada. O amor realmente é mais frio que a morte, como prova, ele nos deu Petra von Kant, Peter, Elvir/Elvira e Fox, personagens fictícios e ainda assim tão reais quanto qualquer pessoa na rua. Se não é pelo dinheiro que vem a queda, é pelo amor. O orgulho se vai antes da queda, já anunciava o Precauções Diante de Uma Prostituta Santa (ou depois, no caso de As Lágrimas Amargas de Petra von Kant ). Tentar comprar o amor, como tentaram miseravelmente Peter, Petra von Kant e Fox, resultando em amargura e morte. De certa forma,   essa predestinação ao fracasso vem do histórico da Alemanha, resultando em uma espécime de nova geração amaldiçoada (tema que reverbera ainda mais em algumas de suas últimas obras

Beau Travail (Claire Denis, 1999)

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Corpos e a estranha (ou melhor, peculiar) poesia que emanam deles. Movimentos e relatos pessoais em terras estrangeiras, melancolia iminente, dançar para esquecer dela.

top 10 de 2017

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Os dez melhores filmes (ou pelo menos os meus favoritos) de 2017. Menções honrosas: Resident Evil: The Final Chapter (Paul W.S. Anderson) Rester vertical (Alain Guiraudie) Les fausses confidences (Luc Bondy) Good Time (Ben Safdie e Joshua Safdie) 10. a cidade onde envelheço (marília rocha) lugares, costumes e crescer (portanto envelhecer). Muito bonito. 9. paterson (jim jarmusch) poesia de todo o dia, simplicidade como ternura. 8. o ornitólogo (joão pedro rodrigues) natureza, sexo e religião como ritual místico. 7. personal shopper (olivier assayas) fantasmas e tecnologia, desejo e trabalho, dor e irmandade. 6. the lost city of z (james gray) provavelmente o filme recente mais perto de Fitzcarraldo , sonhos (im)possíveis na selva. 5. split (m. night shyamalan) trauma transformado em arma, dor como escudo, fé como gatilho.   4. toni erdmann (maren ade) unindo dois mundos distintos e ainda assim em comum em prol do amor. 3. a mulher