À flor do mar (1986) e O Último Mergulho (1992)

Dois filmes de João César Monteiro revistos após quase dois anos em que tive meu primeiro contato com eles. É curioso notar o quão diferente eles ressoam em mim agora, após esses anos. À flor do mar é um filme de redescobrimento, de viagens, do americano ao português, do cinema à literatura, todo um trajeto para falar do que move as pessoas e a arte em geral: sentimentos. Do estranho que inquieta, no fim, mais um fantasma ao mar, levando consigo a felicidade fadada que deixou com aqueles que ainda estão sobre terra. O Último Mergulho também é um filme sobre cinema (e Rossellini). Aqui o amarela banha tudo, seja o sol, o cabelo loiro de Esperança, as flores ou as lâmpadas que iluminam a espécime de renascimento de Samuel (enquanto em À flor do mar, o azul se mostra presente em cada frame, como se fosse alegria e tristeza, passado e presente, morte e vida). São dois filmes sobre milagres, um, fadado a melancolia, e o outro, prazeroso, duas  ressurreições ("mas tu estás morta" declara Laura em italiano ao olhar seu reflexo e o desejo suicida de Samuel). Com toda beleza que emanam, dela também vem a tristeza, sobretudo a morte (o desejo por ela e o luto) ou o que ela representa. São também dois filmes sobre a natureza, a água e a terra, sobretudo a água.





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